Presos transformaram celas em suítes com televisões e saíam para ir a mercados, diz delegado. Cinco mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A Polícia Civil de Buritis (RO), no Vale do Jamari, com o auxílio do Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO), deflagrou nesta quinta-feira (14) a Operação Sentinela para combater um esquema criminoso na concessão ilegal de benefícios e regalias para detentos do presídio do município. Conforme a Polícia Civil, o diretor do Centro de Ressocialização Jonas Ferreti, dois agentes penitenciários e dois detentos foram presos na ação.
Segundo o Diretor de Polícia do Interior (DPI), delegado Arismar Araújo, as investigações da operação iniciaram há cerca de quatro meses e, desde o início desta manhã, os policiais cumpriram cinco mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão. Um sexto mandado de prisão foi expedido contra a esposa de um dos detentos, mas não foi cumprido, pois a mulher não foi localizada.
As investigações da Polícia Civil apontam que os servidores públicos são suspeitos de integrarem um esquema de corrupção para oferecer benefícios e regalias aos dois detentos da unidade prisional, onde as irregularidades foram constatadas pelos policiais.
Os detentos teriam encomendado a construção de uma cela especial fora do pavilhão das outras celas. A obra teria sido autorizada pelo diretor da unidade prisional. No interior da cela, foi encontrado mobília diferente das demais celas.
“Há filmagens que mostram os apenados desfrutando regalias nas celas, que foram transformadas em suítes com televisões de última geração e eles saíam constantemente da unidade para serem levados até mercados do município pelos próprios agentes penitenciários”, relata Arismar.
As investigações apuraram que os dois presos tinham saídas autorizadas com o pretexto de consultas médicas, inclusive em outras cidades, mas elas nunca foram realizadas. Em uma ocasião, um detento foi escoltado até Ariquemes (RO), onde se confraternizou com familiares durante o dia e era assistido pelos agentes penitenciários.
Em um efetivo de 54 policiais, os dois agentes penitenciários e o diretor do presídio foram presos nas residências onde moram. Já os dois detentos receberam voz de prisão na unidade prisional do município.
Outros dois mandados de buscas e apreensão foram cumpridos em Ariquemes (RO), nas residências de familiares dos presos, mas a Polícia Civil informou que nenhum conteúdo relevante foi apreendido.
Ainda segundo Arismar Araújo, os dois detentos beneficiados com as regalias cumprem sentença no Centro de Ressocialização por tráfico internacional de drogas e foram condenados no Paraná (PR), pelo juiz federal Sérgio Moro, e depois trazidos para Rondônia.
Segundo a Polícia Civil, o diretor do presídio e os dois agentes penitenciários prestarão depoimentos e posteriormente serão encaminhados até o Centro de Correição da Polícia Militar em Porto Velho, onde devem aguardar o andamento das investigações. Já os dois detentos foram transferidos da unidade, mas o presídio para onde eles foram não foi informado.
A Polícia Civil divulgou que possui o prazo de dez dias para concluir o inquérito e entregá-lo ao MP-RO, para dar início ao procedimento judicial.
O G1 tentou contato com a advogada que representará o diretor e os dois agentes da unidade no caso, mas as ligações foram encaminhadas para a caixa postal.
O G1 procurou o Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) para um posicionamento sobre o caso, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.
Fonte: G1/RO