26/06/2025

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De olho na política e segurança pública

Policial cobrou R$ 1 mi para liberar aeronave que seria usada pelo PCC

Segundo Polícia Federal, Marcelo Marques de Souza, o “Bombom”, integrava esquema de propina na Polícia Civil de São Paulo.

Trocas de mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF) no celular do policial Marcelo Marques de Souza, o “Bombom”, revelam como funcionava o esquema de vazamento de informações de investigações, arquivamento de inquéritos e intermediação de documentos falsos, mediante pagamentos de propina.

Nesta quarta-feira (25/6), a PF deflagrou a Operação Augusta, em parceria com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), para cumprir três mandados de prisão. Além de Bombom, são alvos o policial civil Sergio Ricardo Ribeiro, o Serginho do Denarc, e o empresário Roberval Andrade, piloto de Fórmula Truck.

A operação é um desdobramento da Operação Tacitus, que investiga a execução do delator Vinícius Gritzbach, em 8 de novembro de 2024, no aeroporto de Guarulhos.

Dinheiro apreendido na casa do policial preso
Marcelo Marques de Souza, o Bombom, investigador classe especial da Polícia Civil

Segundo a PF, uma conversa entre Bombom e Roberval, ocorrida em julho de 2022, indica que o policial teria cobrado R$ 1 milhão de propina do empresário para liberar um helicóptero que havia sido apreendido por suspeita de ser utilizado para transportar dinheiro e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC)

“Rober, eu já to aqui no Deic já, eu vim fazer um serviço aqui, desde ontem que eu tô numa pegada ali. Aí eu já tô aqui já, vim trampar, fui pra academia cedo e já vim trampar direto. Bom, aqui tá sossegado, aqui o cara tá esperando uma resposta, aí quando a gente arrumar o dinheiro, a gente vem aqui e começa o processo, la do outro lado lá vc falou que já falou, então aqui é o processo de trazer o dinheiro, ele quer trocar uma ideinha com você, que a gente tinha falado lá no 700, ele queria no 1000”, diz Bombom.

O esquema contava com a participação do advogado Anderson dos Santos Domingues, proprietário do escritório de advocacia em que trabalha o filho de Bombom, Pedro Garbelini. A PF afirma que Bombom direcionava alvos de inquéritos para serem conduzidos pelo advogado Anderson, que por sua vez recebia informações.

Em um outro diálogo citado na investigação, ocorrido em setembro de 2022, Bombom enviou áudio para Anderson falando sobre os valores que seriam rateados, a partir de extorsões contra Roberval.

“Doc, então era mais ou menos isso aí que a gente falou, 100 da comissão, 100 que o Flá devia e 57 seu. Isso daí é o que a gente tem que falar com ele. Se você quiser eu já passo uma mensagem aqui para ele também, tá, tô ruim de internet”, afirma Bombom

“Ok. Pode passar mensagem a ele. Depois engato”, responde o advogado.

Em outra gravação, no mesmo dia, o policial fala em “catar” o “negocinho”, porque estava chegando o fim de ano.

“Se ele vier falar… Vamos dar uma pedaladinha lá no prédio. Vamos tentar catar uma parte boa disso aí. Se ele vier com história de querer caminhão, vamos tentar até pular fora, vamos catar nosso negocinho aí que tá chegando o fim do ano e empurrar esses caras para o ano que vem, meu. Tá louco, só se demos mal (sic)”, diz Bombom.

“Qualquer coisa você me fala aqui que eu ligo para ele. Eu estava até querendo tomar um pouquinho a mais que isso aí dele, entendeu? Mas isso daí também já paga nossas contas”, acrescenta.

Aeronave apreendida

O helicóptero de Roberval foi apreendido em abril de 2022 pela 6ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro (DIFAC-LD), da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (DIPATRI), sob a suspeita de ser
utilizada para o transporte de drogas, dinheiro e membros do crime organizado.

A aeronave, achada no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, foi encontrada durante o cumprimento de três mandados de busca e apreensão. O helicóptero de Roberval e uma outro veículo, avaliados em R$ 7,8 milhões, aéreo pertenciam a duas operadoras de voos distintas, com capitais sociais somados que não ultrapassam R$ 350 mil.

Na ocasião, a PF revelou que os sócios das empresas não existem ou teriam atividades profissionais incompatíveis com a administração de empresas desse porte.

 

Por Metropoles