02/08/2025

Rondoniaemqap

De olho na política e segurança pública

Presa na Itália, Zambelli ameaçou fazer greve de fome, dizem advogados

Além das penas de prisão, o STF determinou que Carla Zambelli perca o mandato parlamentar. No entanto, essa medida só será aplicada após o trânsito em julgado do processo, quando não houver mais possibilidade de recurso

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (1º/8) e seguirá presa na Itália enquanto aguarda o processo de extradição, ameaçou fazer greve de fome, segundo afirmaram os advogados da parlamentar à imprensa. Apesar disso, Zambelli teria optado por não dar continuidade ao protesto.

Zambelli foi presa na terça-feira (29/7), em Roma, na Itália. A informação foi anunciada pelo deputado italiano Angelo Bonelli – que repassou às autoridades o endereço em que a parlamentar estava hospedada – e confirmada pelo Ministério da Justiça brasileiro.

A brasileira está detida no Instituto Penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma. A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que adotará todas as providências necessárias para a conclusão do processo de extradição pedido pelo Brasil.

“A Advocacia-Geral adotará todas as providências necessárias para conclusão, junto à República Italiana, do processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli Salgado de Oliveira, para que a parlamentar possa cumprir no Brasil a pena de dez anos a que foi condenada pela prática dos crimes de falsidade ideológica (299, CP) e invasão de dispositivo informático qualificado pelo prejuízo econômico, (art. 154-A, CPP)”, informou a AGU em nota.

Segundo apurou o Metrópoles, a parlamentar saiu do Brasil no dia 25 de maio, poucos dias após ser condenada pela Suprema Corte brasileira, por via terrestre, pela fronteira com a Argentina, na região de Foz do Iguaçu (PR). Zambelli seguiu de carro até Buenos Aires e, de lá, embarcou para um destino fora da América do Sul.

Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 17 de maio deste ano, a 10 anos e 8 meses de prisão. A decisão se baseou na participação da parlamentar na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, e na inserção de documentos falsos na plataforma.

A sentença inclui, ainda, o pagamento de indenização no valor de R$ 2 milhões, a ser quitada solidariamente por Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto. Ambos foram considerados culpados pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

Mandato por um fio

Além das penas de prisão, o STF determinou que Carla Zambelli perca o mandato parlamentar. No entanto, essa medida só será aplicada após o trânsito em julgado do processo, quando não houver mais possibilidade de recurso.

Apesar da condenação, os então advogados da deputada protocolaram recurso contra a decisão da Primeira Turma do STF. No documento, alegam cerceamento de defesa, sustentando que não tiveram acesso completo a provas relevantes do processo, como os cerca de 700 gigabytes de dados armazenados na plataforma “mega.io”. No entanto, a equipe jurídica da deputada deixou o caso após a parlamentar sair do Brasil.

Após a confirmação de que ela estava no exterior, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou sua prisão preventiva sob a justificativa de que as ações de Zambelli e do hacker Walter Delgatti comprometeram a segurança do Poder Judiciário e colocaram em risco a integridade dos sistemas da Justiça brasileira.

O pedido foi acatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que também determinou a inclusão de Zambelli na lista de procurados da Interpol, por meio da chamada “difusão vermelha”.

 

Por Metropoles