Falta comando na PM-SP para usar arma “não letal”, dizem especialistas

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que os policiais envolvidos na morte do torcedor são-paulino só serão responsabilizados se ficar comprovado que houve excesso por parte dos PMs.

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles foram unânimes ao afirmar que a Polícia Militar (PM) de São Paulo precisa rever seus protocolos para usar munições “não letais” na dispersão de multidões ou para conter pessoas durante ocorrências.

Como mostrou a reportagem, o torcedor são-paulino Rafael Garcia morreu no entorno do estádio do Morumbi, no último dia 24, após ser atingido na parte de trás da cabeça por uma munição não letal do tipo “bean bag” (saco de feijão, em português) usada pela PM paulista.

Em entrevista, a delegada Ivalda Aleixo, chefe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que o tiro fatal foi dado de uma distância “muito curta.”

Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, afirma que as munições consideradas não letais “podem matar, sim”, dependendo da forma que são usadas.

“É importante destacar que mesmo a munição de borracha, ou a bean bag, exigem muitos cuidados para serem usadas, porque são equipamentos utilizados no policiamento de multidão, que demandam desafios adicionais. O uso delas precisa de protocolos organizados, uma cadeia de comando clara [por parte da PM]”, diz a especialista.

Ela acrescenta que o manual para o controle de multidões da PM orienta para que tiros de munições menos letais devem ser feitos somente após a autorização de um superior hierárquico. “Isso nem sempre é possível. No calor do tumulto, às vezes, o policial decide atirar. Mas isso precisa ser revisto.”

Os resultados podem ser fatais, como o ocorrido com o torcedor são-paulino após o jogo da final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo, ou provocar lesões graves, como deixar a vítima do disparo cega.

A diretora do Sou da Paz salienta que a PM precisa ser rápida na apuração do caso do torcedor morto na última semana e, também, fazer uma discussão do caso, apresentando publicamente os resultados da investigação.

“A PM precisa tomar todas as medidas para que esses equipamentos não matem mais pessoas, porque os jogos de futebol irão seguir acontecendo, assim como o policiamento de multidão.”

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que os policiais envolvidos na morte do torcedor são-paulino só serão responsabilizados se ficar comprovado que houve excesso por parte dos PMs.

 

 

Por Metropoles

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