Coronavírus: Há pelo menos 4 casos suspeitos na cadeia mais superlotada do Rio

As consequências não se restringem à disseminação da doença. Os efeitos vêm também sob a forma de rebeliões. Alertou Mandetta.

A direção da Cadeia Pública Milton Dias Moreira, na Baixada Fluminense, enviou um comunicado ao Serviço de Administração Penitenciária do governo Witzel informando a suspeita de quatro casos de coronavírus em detentos. Ontem, dia 17, o governo Witzel determinou que os presos fossem isolados, mas permanecessem dentro da cadeia mais superlotada do Rio de Janeiro. Os presos foram atendidos no hospital e voltaram para a prisão que, segundo o Infopen, não tem salas de observação.

Autoridades como o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alertaram ainda na segunda que “se surgirem casos de coronavírus, não há quem segure o temor das pessoas” nos presídios. Esses casos já surgiram. A informação, que consta nos documentos abaixo, tem um potencial explosivo e reforça o descaso histórico com o que são tratados os presídios por aqui.

As prisões brasileiras são hiperlotadasinsalubres, têm déficit de equipes de saúde e abrigam pessoas que nem deveriam estar ali – quase metade dos detentos sequer foi julgada. Agora, essa população, que já vive empilhada sob uma bomba de doenças infecto-contagiosas, se tornou a de maior risco para a disseminação da covid-19.

E as consequências não se restringem à disseminação da doença. Os efeitos vêm também sob a forma de rebeliões, como alertou Mandetta. Na noite de segunda-feira, presos de ao menos quatro unidades prisionais se rebelaram depois que o governo determinou restrição de visitas para conter o avanço do coronavírus – algo só visto em São Paulo em 2006, quando o PCC parou o estado. Temos agora, de forma inédita, dois ingredientes explosivos: a péssima situação dos presídios, nunca resolvida, e uma pandemia que se dissemina mais rapidamente em aglomerações.

 

 

Fonte: theintercept

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