Comissão aprova prevenção ao suicídio entre profissionais de segurança

Esse levantamento revela, inclusive, que o número de policiais vítimas de suicídio é superior ao de policiais assassinados. Eliziane comentou que a depressão não é “frescura” e não escolhe as vítimas.

O programa de atenção psicossocial e de saúde do trabalho dos policiais (Pró-Vida) deve ter ações específicas para tratamento de doenças mentais e prevenção do suicídio. É o que prevê o texto aprovado nesta quarta-feira (25) pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Ele foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e recebeu parecer favorável da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

— Temos diariamente discutido o assassinato de policiais e de civis por policiais, no sentido de proteger a vida de todos, e isso é necessário. Mas aqui estamos falando de números impressionantes de suicídio de policiais — disse Eliziane, ao relatar o Projeto de Lei (PL) 4.815/2019. Ela pediu urgência para votação no Plenário.

Além de policiais, o Pró-Vida abrange os demais profissionais de segurança pública e de defesa social. A proposta aprovada pela CAS estabelece a publicação anual de dados sobre transtornos mentais e suicídio entre esses profissionais.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, foram registrados 104 suicídios de policiais civis e militares em 2018. Esse levantamento revela, inclusive, que o número de policiais vítimas de suicídio é superior ao de policiais assassinados. Eliziane comentou que a depressão não é “frescura” e não escolhe as vítimas.

— Muitas vezes você vê a pessoa rica, bonita, tem dinheiro, fama, tem tudo para ser feliz, mas na verdade a felicidade não é isso. Depressão atinge todas as faixas etárias e classes sociais. Ela precisa ser enfrentada pelo poder público e precisamos avaliar vários aspectos, por exemplo, o acesso da população aos profissionais por meio dos planos de saúde — disse a senadora.

Armas

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) dirigiu uma empresa de segurança por 15 anos. Ele conta que, durante esse período, percebeu que o acesso fácil à arma de fogo associado à fragilidade emocional causada pelo ofício e outros fatores da vida pessoal pode ser muito perigoso para os profissionais da segurança.

— Temos de redobrar os cuidados com esses profissionais e nos antecipar ao que pode ser uma ação intempestiva — afirmou Girão.

Ao justificar o projeto, Alessandro Vieira — que vem da carreira policial — disse que a exposição contínua à violência pode tornar o indivíduo mais vulnerável às doenças psíquicas, à dependência química e às afecções psicossomáticas. “No entanto, por questões culturais e institucionais, esses profissionais quase nunca conseguem auxílio dentro de suas corporações, onde enfermidades psiquiátricas, tais como depressão e ansiedade, muitas vezes são vistas como sinais de fraqueza ou de falta de comprometimento profissional”, observou o autor do projeto.

Ações pactuadas

No parecer, Eliziane reconheceu a pertinência do projeto, tendo em vista evidências epidemiológicas sugerirem haver, de fato, elevados índices de suicídio entre profissionais de segurança pública. “Reconhecemos o avanço promovido pela promulgação da Lei 13.675, de 2018, que criou o Pró-Vida. Todavia, concordamos que, diante de dados epidemiológicos alarmantes, deve-se explicitar, em lei, a necessidade das ações de prevenção ao suicídio desses profissionais”, concordou a relatora. O projeto determina ainda que as ações de prevenção ao suicídio entre os agentes de segurança sejam implementadas de forma pactuada entre a União e os demais entes federados.

 

 

Fonte: Agência Senado

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