A Polícia Militar (PM) de São Paulo está lançando no Brasil e no exterior os editais para a compra de grande quantidade de armamento, entre os quais 40 mil pistolas calibre .40, 1.300 fuzis calibres 5.56 e 7.62, dois fuzis de sniper (atirador de precisão) e 10 metralhadoras leves de calibre 7.62 mm, semelhantes às usadas por Sylvester Stallone nos filmes do personagem Rambo.
Os equipamentos serão entregues até o final de 2020 e custarão R$ 108,9 milhões. As informações foram dadas ao G1 pelo secretário-executivo da PM junto à Secretaria de Segurança Pública, coronel Álvaro Camilo.
A PM paulista não compra metralhadoras há mais de 60 anos. Elas serão usadas para a proteção de presídios e o combate a ataques a carros-fortes e empresas de transporte de valores.
“Não há restrição do Exército para a PM comprar metralhadora. Então, por que a PM não comprou mais metralhadora? Porque não é uma arma comum, que você precisa para ser utilizada a todo momento. Em tese, metralhadora é para dar rajada. Para você comprar metralhadora e usar como intermitente, está perdendo, porque ela é mais cara. Melhor você comprar um fuzil”, explica Camilo.
Entre os modelos de metralhadoras leves que poderão participar da concorrência, cuja previsão de publicação é agosto, estão alguns modelos preferidos pelos policiais paulistas, como a FN Minimi (utilizada pelas Forças Armadas brasileiras), a M249, a Heckler & Koch MG4 e a Negev NG7.
Fuzil que abate helicóptero
Todo este material já tem autorização pelo Exército para ser adquirido, mas a corporação quer mais: pretende convencer os militares de que precisa comprar fuzis de calibres .30 e .50, restritos das Forças Armadas, mas que são usados por criminosos, podendo perfurar veículos blindados, destruir paredes e até derrubar helicópteros.
Em 2010, a PM tentou comprar os fuzis de calibre .30 e .50, mas o Exército não deixou. No entanto, diante da possibilidade de o Primeiro Comando da Capital (PCC) resgatar presidiários que estavam em unidades prisionais no interior do estado, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, o Exército emprestou por 6 meses à PM estes fuzis e treinou policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para operar o equipamento.
A divulgação do plano de resgate da facção levou à interdição temporária do aeroporto da cidade de Presidente Venceslau, que abriga um presídio onde estava a alta cúpula do PCC, para evitar qualquer ação criminosa. Consequentemente, houve a transferência de Marcola e mais 21 detentos para penitenciárias federais em fevereiro de 2019.
“Na verdade, a PM já usou estes fuzis .30 e .50 por empréstimo e autorização do Exército (neste período em que havia o risco de resgate da facção). As armas ficaram de sobreaviso do final do ano passado até março, abril deste ano. Tivemos um treinamento com a Rota no interior, preparando-se para caso precisasse usar. Foi devolvido, mas a qualquer momento podemos pegar novamente, pois existe uma interação muito forte com o Exército”, afirma o coronel.
Fonte: G1