Sesipe do DF vai investigar agentes que zombaram de presos em paródia

Subsecretaria do Sistema Penitenciário condenou a atitude dos alunos do curso de formação e tratou encenação como de “mau gosto”

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada à Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF), vai abrir uma investigação para apurar a conduta dos agentes penitenciários que, durante um curso de formação deste ano, zombaram de presos por meio de paródia da música “Despacito”.  
    
Em nota, o órgão informou que “de antemão condena as circunstâncias em que alunos fizeram, em tom de brincadeira, a encenação de uma paródia musical, por iniciativa própria”. “Naturalmente, esse tipo de atitude não condiz com o trabalho regular que os agentes de atividades penitenciárias realizam cotidianamente e será objeto de investigação interna”, acrescentou a Sesipe.

Ao ritmo de “Despacito”, um dos hits do momento, os alunos compuseram e gravaram “De Castigo”, onde relatam como vão tratar os presos brasilienses assim que forem empossados nos cargos. Na letra, cantam que só “tem agente malvadão” e ameaçam: “Tá no sal comigo, suspende o parlatório e as ‘visitas tudo’”. Em outro trecho, dizem “não mexe comigo, sou operacional, a bala é de borracha mas tenho letal” e também que “preso é muito burro e gosta de correr perigo, tira toda a paciência fazendo tudo proibido”.

“O vídeo que está sendo veiculado nas mídias sociais será avaliado pela direção da Sesipe para identificar eventuais infrações cometidas por parte dos agentes que presenciaram a encenação de mau gosto”, garantiu a Sesipe.

A Subsecretaria informou ainda que “os agentes, sejam eles de controle interno sejam de escolta de presos, são treinados, desde a formação, para respeitarem os direitos daqueles que estão sob sua guarda”. “Reiteramos que todo procedimento em desacordo com a lei é apurado por meio de sindicância interna e, em caso de indicativo de crime, por inquérito policial”, ressaltou o órgão.

As imagens foram encaminhadas à própria Secretaria de Segurança, bem como ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao Conselho de Direitos Humanos (CNDH) e ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

“É tão criminoso quanto o cometido pela pessoa que está lá presa. Um agente público não pode fazer uso dessa canção como incentivo. Isso alimenta a cultura do ódio e da violência. Um agente público tem que agir com imparcialidade”, disse Michel Platini, presidente do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do DF. Ele enviou ofício, nesta quarta, à Secretaria de Segurança para pedir providências.

Sindicato defende agentes
Presidente do Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias (Sindpen-DF), Leandro Allan Vieira não vê problemas no vídeo e defende a postura dos colegas. “Foi feito por alunos e apresentado para instrutores. Não foi com intuito de pregar nenhum tipo de violência em desfavor do preso. Retrata a forma como temos de conter uma rebelião, um motim”, garante.
Leandro Allan disse também que os agentes “sabem muito bem o seu papel ressocializador dentro de uma unidade penitenciária” e que os mesmos usam armas não letais para preservar a vida do apenado.




Veja o vídeo




Fonte: Metrópoles/editado: Rondoniaemqap
     

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